O que uma mulher realmente quer? Basicamente três coisas: ser notada,  ser amada e ser desejada …. nesta ordem ou de forma intercalada ou até  mesmo sucessivamente .
A infância é o momento de ser notada. É isto que toda menina quer,  ser o centro das atenções dos pais e da família, se sentir importante,  se fazer ouvir. Creio que tudo que vem a seguir tem relação com esta  fase. É a partir daí que as coisas começam a dar certo ou a complicar.  Particularmente, como filha e neta única de uma grande família (pelo  menos nos meus 5 primeiros anos de vida), cercada de tias que  paparicavam a sobrinha, com um temperamento forte e decidido e cheia de  cachos no cabelo, não tive problemas em ser notada  na minha infância.
Acho que a adolescência só começa quando uma menina quer ser ‘notada’  pelos meninos. No meu tempo de adolescência, anos 80, as coisas eram  mais amenas. Houve o primeiro beijo roubado, as bochechas vermelhas, o  primeiro beijo de língua, o primeiro menino que tenta avançar o sinal (e  você nega, claro, não quer ser chamada de ‘galinha’ na escola), o  primeiro rapaz que literalmente avança o sinal enquanto vocês estão no  maior amasso no carro do pai dele. Até então o que uma moça quer é ser  notada, é ser amada. Me lembro do primeiro rapaz que disse que amava, eu  não retribuía o sentimento, mas me senti tão importante, tão especial  saber que eu poderia ser amada por alguém além da minha família (que na  verdade, tinha que amar de qualquer maneira). Como era horrível e  maravilhoso ser adolescente. Como era bom testar o ‘efeito’ que fazíamos  nos rapazes. Como foi bom descobrir que além de ser amada, você poderia  ser desejada. O prazer nesta fase vem dos beijos molhados (adoro  beijar!!!!!), nas mordidas no pescoço (minha mãe quase me matou uma vez  quando viu um hematoma resultado de uma super chupada no pescoço,  vagabunda foi a palavra mais bonita que ela disse), nos beijos nos  seios, nas tentativas desesperadas deles de tirar sua blusa. Podia não  haver sexo, mas definitivamente havia prazer.  Apesar de toda repressão  que me foi imposta, vivi a adolescência como devia ser vivida,  intensamente.
Creio que a fase adulta começa quando uma adolescente decide que quer  ser mulher, decide que é hora do sexo. Pra mim, foi assim, uma decisão  planejada.  Mais do que ser amada, a moça que ser sexualmente desejada,  ela quer sentir um prazer que até então não sentiu. No meu caso, esperei  aparecer alguém que me amasse e que eu amasse também. Me tornei mulher  na fase mais conturbada da vida… o fim da adolescência. Achava que podia  tudo, que sabia de tudo, que tinha todas as respostas. Que fase tola!  Que fase necessária! Fui valente, ambiciosa, atrevida naquela época.  Ainda sou, mas não com aquela intensidade. Me sentia notada, amada e  desejada. O sexo era muito bom, mas naquele momento eu ainda não sabia  que seria ainda melhor.
A fase adulta propriamente dita é marcada pela necessidade de se  afirmar no mundo, de se conhecer mais profundamente. É uma sucessão de  problemas a serem resolvidos entre os intervalos de sexo e prazer.  Entrar na faculdade, trabalhar, sair na hora que quiser, voltar na hora  que quiser, transar na hora que quiser, ter seu próprio espaço, transar  no motel, casar, alugar primeiro apartamento, transar na cama nova,  transar no sofá novo, transar na cozinha, receber os amigos, pagar as  contas, transar na máquina de lavar roupa, viajar, passear, ter vida  noturna, transar, ter ambições profissionais, solucionar os problemas  conjugais, procurar novos empregos, testar novas experiências, transar,  fazer cursos, viajar, passear, pagar contas, transar, financiar  apartamento, financiar carro, ficar em casa vendo DVD, transar, comprar  móveis, trabalhar por mais horas, pagar mais contas, ter mais  obrigações, sofrer mais cobranças e, além disto, pensar em ter filhos.  Nesta fase, o prazer de ser notada, de ser amada e de ser desejada pode  acabar cedendo lugar às coisas pragmáticas da vida. É muitas vezes aí  que deixamos que as coisas se percam, pois não é mais ‘apropriado’ pra  uma mulher ficar pensando em ‘bobagens’ de adolescente. O sexo ainda é  muito bom, mais ousado, mais ‘pontual’. Pena que nesta fase geralmente  acabam os beijos (adora beijar), mas eu, particularmente, levava tudo  numa boa, todos estes desafios eram como combustível para minha ainda  intacta auto-estima.
Com o nascimento dos filhos, começa então o que eu chamo de fase  adulta sem volta, na verdade, a fase em que descobrirmos que vamos  inevitavelmente envelhecer. Tudo bem, ter filho é maravilhoso, mas é uma  mudança muito brusca para os homens e para as mulheres. Pra mim, os  hormônios da gravidez mudaram tudo o que eu pensava sobre sexo e  prazer…. pra melhor!!!!!! Quando os hormônios se ‘apossaram’ do meu  corpo e meus pequenos lábios se tornaram grandes lábios e os grandes  lábios se tornaram enormes lábios (depois do parto voltaram ao  normal!!!!), eu descobri que minha vida sexual estava apenas começando.  Pena que o auge sexual da mulher (30) coincide com o auge profissional  do homem e com a chegada dos filhos. Fui exatamente aí que eu pirei.  Como ser notada? Como ser amada? Como ser desejada? Eu não me sentia  nenhuma destas coisas. Eu não queria ser vista apenas como mãe…. não  pelo homem que eu amo, nem por homem nenhum. Li um livro no qual uma  irmã dizia a outra: “Pense bem antes de ter filhos, ter filho é como fazer uma tatuagem na testa”.  É exatamente assim que me sentia, com uma tatuagem na testa. A roda  vida das obrigações financeiras, das ambições profissionais, das doenças  de um dos pais e das novas responsabilidades de ser mãe não  representavam mais um combustível pra mim, passaram a ser um veneno pra  minha auto-estima. Na época, não vi outra saída a não ser meter a cara  naquilo que eu sabia que me daria grande prazer: o trabalho. De fato, eu  queria mesmo era ser notada, amada e desejada por um homem, mas me  contentei em ser notada, amada e desejada profissionalmente.
Chegando aos 35, eu dei um basta em tudo isto. Eu aceitei o  inevitável, não era na área profissional que eu queria ser notada, amada  ou desejada. Eu queria ser como uma adolescente novamente … sim, eu  queria começar de novo, me conhecer de novo, re-testar as minhas  capacidades, reafirmar meu lugar no mundo, meu lugar na vida do meu  filho, meu lugar na vida do meu marido, meu lugar como mulher no mundo.  Tenho conseguido porque a auto-estima que tenho desde criança nunca me  abandonou totalmente. Hoje me sinto notada, amada e desejada mas sei que  estas coisas não vem mais de graça como vinham antes, estes sentimentos  têm que ser trabalhados e conquistados, todo dia, toda hora. Não  pretendo me contentar a não ter isto. Não pretendo viver sem isto.
Fonte: http://www.mulheresde30.com/ser-notada-ser-amada-e-ser-desejada/
 
Estava a procura de financiar apartamento. Obrigada pelas informações!
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